PARA TRABALHAR A NEGAÇÃO EM VOCÊ
(Melodie Beattie - Hazelden)
1)
Examine seus
motivos: Quer realmente ajudar a
pessoa ou está tentando interferir ou controlar? Está com raiva medo ou
ressentido? Pensa que é melhor que esta pessoa? Está em contato com seus
sentimentos, crenças e poder superior? Está negando alguma coisa? Tem alguma
necessidade de negar o que a outra pessoa está negando? Precisa ou espera que a
outra pessoa negue algo pelas suas próprias razões?
Se assim for a outra pessoa pode sentir isso e não vai
cooperar. Se o seu coração não está na sintonia certa em relação a esta pessoa,
ela vai sentir isso e sua ajuda vai tornar-se inoperante.
2)
Mantenha-se
saudável: Saúde gera saúde, a doença
gera doença. Se em algum momento perceber que precisa de A.A., Al-Anon ou
qualquer outro programa de doze passos, vá às reuniões regularmente e trabalhe
seu programa.
Se você teve uma doença terminal, crônica e incurável o ano
passado ou há dez anos, ainda a tem. Tratá-la vai minimizar a sua necessidade
de usar a negação e o programa de doze passos vai ajudá-lo a lidar com as
outras pessoas.
3)
Dê
autorizações saudáveis: Permita-se a
si e aos outros pensar, sentir, resolver problemas, ser quem são e estar onde
estão no seu processo de crescimento. Estas autorizações dão força, energia e
são de muita ajuda. Porque a negação faz entrar em curto circuito os processos
de pensamento e as emoções de uma pessoa, dar estas autorizações pode encorajar
a maquinária a recomeçar a trabalhar.
Dar às pessoas a autorização para serem quem são -
lutadores imperfeitos numa viagem - pode reduzir a sua necessidade de usarem a
negação. Não há problema em ter problemas. Não há problema em resolver
problemas também. Uma autorização contrária que eu dou às pessoas - especialmente
a crianças que precisam aprender e a pessoas que tem tendências destrutivas é:
“Não é aceitável magoar-se ou aos outros”. Isto pode ser claro para nós, mas
não o ser para eles.
4)
Ouça: Se quiser. Deixe as pessoas saberem que está disponível se
elas quiserem falar. Falar ajuda as pessoas, tiram coisas da cabeça e a arejam.
É saudável ser ouvido - cria aceitação.
Lembre-se que ajuda ouvir com seu coração assim como com
seus ouvidos. O que está ouvindo pode ser outra forma de dizer: “tenho medo”,
”estou sofrendo”, “estou confuso”.
5)
Fale de
você, das suas emoções e das suas experiências: Falar dos seus sentimentos é sempre uma boa maneira de
lidar com eles. Vai ajudá-lo. E, Partilhar honestamente as suas emoções e
experiências pode ajudar outras pessoas também. Pode dar-lhes coragem de fazer
o mesmo, as suas vitórias podem dar-lhes esperança. Não seja demasiado intenso
nem paternalista. Se sente que tem que falar de outra pessoa seja gentil. As
pessoas que estão sofrendo reagem bem à gentileza: “Soa como se estivesse com
problemas apenas”. Ajuda mais do que: “Está mesmo embrulhado”, melhor ainda,
encontre algo de bom nesta pessoa - uma qualidade, algo que ele ou ela tenha e
que você gosta e aprecia - e ofereça este elogio. Isto pode ajudar mais do que imagina
e você desenvolve um bom traço de caráter.
O que você pode dizer a alguém que lhe pede que suporte ou
concorde com a sua negação? Se alguém lhe fizer esta pergunta: “Diga-me, não é
assim” - verbalmente ou com um silêncio desconfortável - aqui só há uma
resposta possível: “Eu não posso tomar esta decisão por você, vai ter que
pensar no assunto e tomar esta decisão sozinho”. Isto não deve ser só uma
resposta, deve ser uma atitude muito profunda.
6)
Ofereça
informação, literatura e referências:
Isto quer dizer pergunte à pessoa se ela quer ficar com o livro, a brochura, a
apostila ou o artigo. Se a resposta for não, então não insista. Lembre-se que
há uma grande diferença entre informação e conselho.
Não dê nem ofereça conselhos. Não ajuda e só serve para deixar as pessoas furiosas.
Mesmo que lhe seja pedido não os dê. Uma boa resposta seria: “O que acha que
deveria fazer?” Isto ajuda e ninguém leva a mal.
7)
Leia o livro
azul de A.A. e outras literaturas do programa de doze passos: Contém muita sabedoria que pode ajudar na identificação da
pessoa que está ajudando.
8)
Demonstre
empatia: Esta é uma palavra bonita que
significa se colocar no lugar do outro. Não quer dizer auto piedade, quer dizer
lembrar-se o que significa sofrer uma perda tão grande que precise negá-la.
Se não consegue se lembrar de ter sofrido ou negado, e se
não consegue ter empatia reveja o item n.º 1 antes citado. Se ainda assim não
consegue lembrar-se, talvez você não seja a pessoa certa para lidar com a
pessoa que está sofrendo. Empatia ajuda, e pode ajudar muito a reduzir a
necessidade de negar.
9)
Evite julgar: As pessoas têm problemas, não são o problema. Dizer ou
acreditar que uma pessoa é má, inferior, sem esperança, horrível ou orgulhosa
não vai ajudar. Mesmo que sinta isso em seu coração, se não o disser não vai
ser ouvido(mas não esqueça que o corpo fala, então procure não demonstrar, ao
invés disso procure perceber se não existe alguma identificação entre você e a
pessoa que está tentando ajudar). Especialistas acreditam que o medo, a culpa e
a vergonha são algumas das maiores barreiras que as pessoas enfrentam para
parar de negar.
Se juntarmos à culpa e a vergonha de uma pessoa - se lhe
dissermos que os seus piores receios são verdade - isso não vai ajudar. Pode é
aumentar a necessidade de usar a negação.
10)
Não discuta: Raramente isso ajuda uma pessoa a parar de negar. Desvia a
atenção e faz perder tempo e energia. Você não pode apoiar ou concordar com a
negação, mas também não deve forçar uma pessoa a ver a realidade. Às vezes
ajuda dizer: “Está bem, pode ser que tenha razão”. E deixar ir. Isto tira a
pressão de si e coloca na outra pessoa de uma maneira positiva, e que ajuda.
Deixe as pessoas lutarem com elas mesmas e decidirem se tem
razão. Sua batalha com a verdade e a realidade é muito mais dura de vencer que
uma batalha consigo. E quando esta batalha acabar vão ter ganho algo. Isto não
quer dizer que não possa ter raiva de quem está em negação. Você tem direito
aos seus sentimentos, e precisa senti-los e as vezes comunicá-los. Mas gritar
não é normalmente a melhor maneira de faze-lo.
11)
Respeite as
pessoas: Não tem que respeitar
comportamentos pouco saudáveis - respeite a pessoa. Isto inclui acreditar que
elas são boas pessoas(mesmo que tenham problemas). Elas podem pensar e podem
resolver seus problemas. Isto quer dizer que permitimos que façam essas coisas
por si. Pergunte-lhes o que elas crêem que o problema seja. Pergunte como
querem resolvê-los . Não temos que curar, faze-los ficarem melhor, controlar ou
salvar. Não temos que lhes dar conselhos, nem fazer com que seus sentimentos desapareçam.
Não temos que/e não devemos - envolvermo-nos com suas
crises e conseqüências. As conseqüências são uma das maneiras em que a
realidade fala alto para aqueles que estão em negação. Pare de os salvar! Vai
lhes fazer um grande favor e a si mesmo.
12)
Respeite-se.
Ponha limites: Para sua saúde e bem
estar. Não faça coisas pelos outros que realmente não quer fazer, que não sejam
boas para si ou que não sejam boas para eles. Procure ser assertivo.
Não deixe que uma pessoa que está em negação lhe faça coisas
que te façam mal. Isto não quer dizer para dar ultimatos ou fazer jogos de
poder(fazer algo para obrigar uma pessoa a ter um comportamento qualquer ou
para “mostrar quem manda”). Isto quer dizer que calmamente deve descobrir o que
precisa fazer para tomar conta de si e faze-lo. Marque os limites.
13)
Confronte com
cuidado: Isto não é um trabalho de
confronto ou intervenção. Ambas são boas ferramentas, quando usadas conveniente
mente. Ambas podem igualmente ser perigosas - para nós e para as pessoas que confrontamos.
Despir uma pessoa de ilusões não é um projeto casual. Se o assunto que está a
ser negado é sério a pessoa pode parar com a negação após ser confrontada. Mas
lembre-se - esta pessoa não vai provavelmente evoluir calmamente para a
aceitação. Pode avançar para a segunda fase do processo, a raiva - Podem surgir
atos violentos quando situações como essas acontecem.
Tenha cuidado, John Powell explica porque em seu livro
“Porque tenho medo de lhe dizer quem sou?” “A vocação de endireitar pessoas, de
lhes tirar as máscaras, de os forçar a enfrentar a verdade reprimida é uma
chamada extremamente perigosa e destrutiva. Ele não pode viver com algo que
realizou. De uma maneira ou de outra, ele mantém-se psicologicamente intacto
através de uma forma de ilusão. Se essa ilusão for desmontada, quem a vai
reconstruir e por o ser humano de pé outra vez?” Procure ajuda profissional se
pensa que você, ou alguém perto de si está tendo problemas com a negação, ou se
está considerando confrontar ou intervir um caso difícil.
14)
Desligue: O comportamento difícil que ajuda tanto. Não leve as
pessoas pessoalmente nem os problemas delas consigo. Não somos responsáveis por
outros adultos - não assuma responsabilidades por eles ou por seus problemas.
Em última análise e com toda certeza cada pessoa é responsável pela sua
negação. O seu processo de negação é sua responsabilidade. Ocupe-se das suas
responsabilidades - de si e do seu processo de aceitação.
Se não podemos controlar os outros, o que aparentemente não
podemos, então ao menos devemos tentar controlar a nós próprios. Se lhe está
sendo difícil afastar-se de uma pessoa ou de um problema, pode querer
considerar o grupo de apoio. Ajuda.
15)
Confie em
você: No seu processo de aceitação e
no seu poder superior. Não existem regras absolutas para lidar com a negação ou
com as pessoas. Cada situação e cada pessoa são únicas. Mas você pode pensar,
pode perceber como lidar com situações. Se quer ajudar alguém, pergunte ao seu
poder superior, peça que o utilize e lhe mostre o que fazer. Empenhe-se em ser
gentil, pensar claramente e em ter amor nos seus encontros com pessoas.
Esqueça-se da perfeição.
E você nem sempre tem de fazer algo. As pessoas
reestruturam-se “caindo aos pedaços”- e o processo muitas vezes começa pela
negação. É assim que Deus trabalha conosco. Abra mão do controle e deixe-O
faze-lo por você.
Nenhum comentário:
Postar um comentário