domingo, 20 de janeiro de 2013

Os Doze passos para o terapeuta


Os Doze passos para o terapeuta


            Uma das características de muitos profissionais de saúde no atendimento ao dependente químico, com uma impetuosidade e auto- exigência de resultados é que muitas vezes o leva a assumir a responsabilidade da cura com tal empenho muito peculiar de quem imagina ter a capacidade de salvar vidas. Esquecem  ou desconhecem as características  da patologia em questão e sua história evolutiva; assumem a postura de cuidar do D.Q. com tal semelhança  vista apenas nos familiares mais envolvidos, tornando-se então “facilitadores profissionais.” Vamos ver como os doze passos podem nos ajudar.

Passo 01 - Só há esperança de controlar uma grande compulsão de cura quando admitimos que somos impotentes perante a doença; assim como o D.Q. não consegue controlar seu uso, nós não conseguimos controlar o D.Q.

Passo 02 - O profissional, por  formação acadêmica, consegue mais facilmente confiar em tratamentos físicos/psiquiátricos/psicológicos do que confiar na capacidade das pessoas de se envolverem na entrega; ou acreditar que o próprio cliente possa resolver seu problema, com a ajuda, sem a ajuda ou apesar da ajuda do terapeuta. Devemos reconhecer que a “força superior” contra a compulsão pode ser muito mais forte que a “força superior” da compulsão. Precisamos perceber os limites do nosso atendimento e acreditar que um “poder superior” possa devolve ou manter a sanidade.

Passo 03 - O profissional apresenta muitas vezes resistência em abandonar o estigma do suposto saber, mas entregar-se ao poder superior, assim como o concebemos, abrindo mão dos preconceitos e certezas da profissão, em nome de um pouco de boa vontade é preciso.

Passo 04 - Fazer uma minuciosa auto- análise, buscar conhecer-se, desenvolver-se. Fazer um destemido inventário na sua forma de atender, o quanto e a quantos ajudou, ou até atrapalhou. Reconhecer-se carente de ajuda para procurar e aceitar ajuda, e não só dispor-se a ajudar. A terapia pode ser o caminho.

Passo 05 - Admitir a nós mesmos, a natureza de nossas falhas e reconhecermos o limite do nosso saber e competência. Penitenciarmo-nos perante nossas limitações e procurarmos outro profissional, para compartilhar esse “segredo” em supervisão. Lutar contra os defeitos da própria formação se faz necessário.

Passo 06 - Prontificar-se a reformulação, iniciar uma luta contra suas dificuldades e defeitos de caráter. As pessoas que fazem atendimento não são diferentes das outras pessoas, nas suas semelhanças em qualidades e defeitos, potencialidades e dificuldades. Afinal, ser humano é uma virtude, há que assumir-se.

Passos 07 - O homem busca a perfeição, não se satisfaz em suas limitações, quer transpor suas imperfeições, esquece a humildade. Precisa então, abandonar a onipotência; perceber a existência de uma força superior como uma experiência interior profunda; como um mistério que significa a revogação da arrogância humana quando imagina que sabe tudo, e que na realidade sempre escapa algo do próprio saber. Impulsionar-se a pensar sobre a mania de tudo poder, de querer ser Deus e dominar os segredos da vida e da morte.

Passo 08 - Buscar e ética como regra básica; afastar o ranço moralista, sem censura, perceber tudo o que se passa consigo. Manter o inventário e reparar as deficiências, produzir um desenvolvimento constante, manter o compromisso de aperfeiçoamento como forma a reparar os danos causados e evitar que outras pessoas sejam prejudicadas.

Passo 09 - Colocar em prática a reformulação pessoal e procurar a correção profissional. Evoluir sempre, salvo quando faze-lo signifique prejuízo a outros. Ser um convite à ação, com princípios agora de sobriedade.

Passo 10 - Manter uma estratégia de aperfeiçoamento é fundamental. Produzir uma auto-análise sistemática, admitir o erro prontamente e corrigir a trajetória.

Passo 11 - Procurar, buscar, através da prece e da meditação, um encontro máximo consigo mesmo, uma reconciliação com a vida e com a profissão como ela é, e não como gostaríamos que fosse. Melhorar o contato com as forças superiores, e rogar apenas o conhecimento de sua vontade em relação a nós; e ter forças para realizar essa vontade. Perceber que o potencial de recuperação não depende apenas do terapeuta.

Passo 12 - Tendo conseguido quebrar o estigma e sair da ignorância quanto à doença, num despertar de uma nova maneira de atender, expandir esses princípios para todas as atividades e poder auxiliar outros profissionais a encontrarem esse despertar.

             Não basta apenas aprender sobre Dependência Química e investir passionalmente contra ela (“abstinência”). É preciso amadurecer a forma e ampliar as possibilidades de ajuda (“sobriedade”). Isso só será possível quando se conseguir avaliar com precisão os próprios limites e aceitá-los, ser influenciados em sua forma de ser e agir, para conseguir a “serenidade.”



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